Doenças transmitidas por vetores
As doenças transmitidas por vetores constituem importante causa de morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo, sendo um dos principais problemas de saúde pública. A comprovação de insetos e outros artrópodes no ciclo de transmissão de agentes infecciosos ao homem e a animais domésticos ocorreu somente no final do século XIX e nos primeiros anos do século XX com o Sir. Patrick Manson demonstrando que a filariose Wunchereria bancrofti era transmitido durante a picada de fêmeas infectadas do mosquito do gênero Culex.
Entende-se como doença transmitida por vetor, àquela que não passa diretamente de uma pessoa para outra, requer a participação de artrópodes, principalmente insetos, responsáveis pela veiculação biológica de parasitos e microorganismos ao homem e a animais domésticos. No Brasil, inúmeras são as doenças transmitidas por vetores como dengue, malária, doenças de chagas, leishmaniose, febre amarela, vírus Oroupouche, Mayaro, filarioses (bancroftose e oncocercose), febre do Oeste do Nilo, encefalites, entre outras. Algumas destas doenças são amplamente distribuídas no território nacional como a dengue, enquanto outras são restritas a certas regiões do país como vírus Oroupoche no Pará.
O ciclo de vida dos vetores, assim como dos reservatórios e hospedeiros que participam da cadeia de transmissão de doenças, está fortemente relacionado à dinâmica ambiental dos ecossistemas onde eles vivem sendo limitadas por variáveis ambientais como temperatura, precipitação, umidade, padrões de uso e cobertura do solo. As evidenciais sugerem que a variabilidade climática inter-anual e inter-década têm apresentado influência direta sobre a biologia e ecologia de vetores e consequentemente o risco de transmissão das doenças por eles veiculadas.
Atualmente, a mudança climática tem gerado uma preocupação sobre a possível expansão da área atual de incidência de algumas doenças transmitidas por vetores. Um dos maiores efeitos da mudança climática sobre as doenças vetoriais pode ser observado nos eventos extremos, os quais introduzem uma forte flutuação no ciclo das doenças. Os padrões de precipitação podem ter efeito a curto e em médio prazo. O aumento da precipitação tem o potencial de aumentar o número e a qualidade dos locais de reprodução dos vetores tais como mosquitos, carrapatos e caramujos. Os extremos de temperatura podem retardar ou acelerar o desenvolvimento e sobrevivência dos insetos vetores, assim como o período de incubação extrínseco de alguns patógenos.
Deve-se considerar que o clima sozinho não pode explicar toda a história natural das doenças transmitidas por artrópodes, mas que ele é um componente importante na distribuição temporal e espacial desses vetores de doenças tanto limitando a sua propagação quanto influenciando na dinâmica da transmissão.
Para estudar o impacto das mudanças climáticas sobre as doenças vetoriais foram escolhidas algumas doenças devido sua morbidade e mortalidade: malária, leishmaniose, doença de chagas, febre amarela e dengue.
Malaria
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1526
Leishmaniose
Leishmaniose Tegumentar americana (LTA)
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1560
Leishmaniose Visceral (LV)
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1561
Doenças de Chagas
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1530
Febre amarela
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1552
Dengue
http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1525
Referencias:
Barcellos, C; Monteiro, A.M.V; Corvalán, C.; Gurgel, H.C; Carvalho, M.S; Artaxo, P.; Hacon, S.; Ragoni, V. Mudanças climáticas e ambientais e as doenças infecciosas: cenários e incertezas para o Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde, v.18, n. 3, 285-304. 2009.
Githeko, A.K.; Lindsay, S.W.; Confalonieri, U.E.; Patz, J.A. Climate change and vector-borne diseases: a regional analysis. Bull world Health Organ, v. 78, n. 9. 2000.
Lourenço-Oliveira, R. Principais insetos vetores e mecanismos de transmissão das doenças infecciosas e parasitarias. In: Coura, J.R. Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias, 1ª edição, 2 vol., ISBN: 9788527710930. Editora: Guanabara Koogan.
Rosa-Freitas, M.G.; Schreiber, K.V.; Tsouris, P.; Weimann, E.T.S.; Luitgards-Moura, J.F. Associations between dengue and combinations of weather factors in a city in the Brazilian Amazon. Rev Panam Salud Publica, v. 20, n. 4. 2006.